Diss-E N-º 6

Diss-E N-º 6

Autor(a) da Tese de Mestrado

| LARA DE MENDONÇA ANDRÉ |

N.º 6 – A RELEVÂNCIA DA SENCIÊNCIA: DELINEANDO UMA POLÍTICA NÃO ANTROPOCÊNTRICA

Esta dissertação explora as contribuições da filosofia política para o debate acerca da consideração dos seres sencientes não humanos. Primeiramente, analisam-se o antropocentrismo e o especismo como posições dominantes em filosofia moral e política, segundo as quais os interesses humanos têm prioridade (senão consideração exclusiva) sobre os interesses não humanos. Defende-se que ambas posições são injustificadas e que a senciência é o critério relevante para a consideração tanto moral quanto política. Removidos os vieses antropocêntricos, a filosofia política pode traduzir questões éticas para a linguagem da justiça e posicionar os interesses não humanos na ordem política. Em segundo lugar, discutem-se versões contratualistas Rawlsianas e não Rawlsianas a fim de determinar sua compatibilidade com a proteção dos interesses não humanos. Finalmente, analisam-se três obras do chamado “giro político” nos estudos animais: Zoopolis (2011) de Sue Donaldson e Will Kymlicka que defendem o reconhecimento de cidadania para animais domesticados, quase-cidadania para animais liminares e soberania para animais selvagens; Sentientist Politics (2018) de Alasdair Cochrane que propõe uma democracia cosmopolita sencientista; e A Theory of Justice for Animals (2013) de Robert Garner que sublinha a necessidade de conceber teorias da justiça sensíveis aos interesses não humanos, mas politicamente viáveis. A conclusão geral é que é urgente redirigir o debate sobre a consideração dos seres sencientes não humanos de uma questão de ética aplicada para uma questão de ação política que exija um compromisso das instituições políticas com a proteção dos seres sencientes não humanos.

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