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Moral Immorality: Consequentialist justifications of wrongdoing
Novembro 6, 2024 @ 15:00 - 17:00
João da Rocha Rodrigues é doutorando no Centro de Ética, Política e Sociedade (CEPS), licenciado em Filosofia pela Universidade do Minho. O seu atual projeto de doutoramento é financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT). Centra-se no problema da parcialidade aceitável em ética, bem como nas teorias éticas que a conciliam com exigências morais imparciais. Publicou também sobre utilitarismo e apresentou trabalhos académicos em conferências sobre justiça retributiva, tolerância e a filosofia de Thomas Nagel. Os seus outros interesses de investigação incluem a história das ideias, tendo co-editado um volume sobre a história do pensamento político intitulado Antigos e Modernos: Uma Introdução à História do Pensamento Político.
Existem muitas variedades de teorias morais consequencialistas, mas o seu elemento comum é o facto de classificarem a ação correta como aquela que conduz às melhores consequências imparcialmente consideradas. Na famosa frase de Bentham, “Todos contam por um, ninguém por mais de um”. Devido a esta ênfase na imparcialidade, o consequencialismo tem tido dificuldade em acomodar formas aparentemente aceitáveis de parcialidade. Parece impossível, indesejável ou, no mínimo, não censurável, agir parcialmente numa variedade de circunstâncias. Duas estratégias consequencialistas diferentes para resolver estas dificuldades serão aqui avaliadas. A primeira é o consequencialismo normativo, que desloca o foco do consequencialismo das acções para as regras. Desta forma, certas regras que sancionam a parcialidade podem ser aceites, uma vez que conduzem a melhores resultados globais. A segunda estratégia é o argumento de Derek Parfit para a imoralidade moral. Parfit argumenta que o desenvolvimento de certas disposições que conduzem a comportamentos parciais pode ser sancionado pelo consequencialismo porque estes também conduzem, geralmente, a melhores resultados; mesmo que também resultem, previsivelmente, em comportamentos imorais segundo os padrões do próprio consequencialista. Trata-se de uma forma extremamente interessante de argumentação moral que tenta justificar, paradoxalmente, o facto de se fazer o que se sabe ser errado. Ambas as estratégias serão consideradas insuficientes e não resolvem totalmente o problema do consequencialismo com a parcialidade.