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Pedro Pinheiro // Left-Wing Populism: What People?

Outubro 31, 2024 @ 15:00 - 17:00

Bio: Pedro Pinheiro é investigador de doutoramento no CEPS. O seu projecto de investigação intitula-se “Populismo de esquerda: uma investigação sobre uma dissidência subversiva”, e é orientado pelo Professor Giuseppe Ballacci (Universidade do Minho) e co-orientado por Alexandre Franco de Sá (Universidade de Coimbra). Os seus interesses de investigação são vastos dentro dos domínios da filosofia política, pelo que incluiriam o populismo, a representação, a história das ideias, a soberania, o poder constituinte, o antagonismo, a democracia agonística, a democracia liberal.

Resumo: Em resposta à actual crise da esquerda democrática, Chantal Mouffe sugere que o populismo oferece um caminho para a esquerda avançar e aprofundar a democracia. Argumento, no entanto, que a forma como o populismo de esquerda concebe o “povo” mina o próprio conceito de soberania popular e torna impossível pensar no “povo” em termos democráticos. Este artigo situa a noção populista de “povo” no contexto histórico da soberania popular, a fim de realçar as suas tendências antidemocráticas. Especificamente, defendo que a abordagem do populismo de esquerda à representação elimina qualquer existência significativa do povo como soberano. Vejamos como se estrutura o meu argumento. A dinâmica populista de esquerda, marcada por um anti-essencialismo que vê a sociedade como fluida e aberta, vê “o povo” como uma coleção de partículas que podem ser montadas e desmontadas sem qualquer modelo pré-existente. Isto leva à desintegração do conceito de povo, que decorre da rejeição da soberania, da noção de que não existem sociedades pré-políticas e da crença de que cada indivíduo é simplesmente uma unidade de interesse movida por um desejo insaciável (o conatus de Spinoza). Na ausência de uma soberania essencializada, de uma dinâmica pré-política e com a elevação do estatuto das paixões, os indivíduos tornam-se agentes do descontentamento público, formando um demos imaginário através de formações discursivo-afectivas centradas em reivindicações ou num líder que encarna “o povo” como uma identidade emocional em constante mutação e dependente do seu oposto para uma definição. “O representado depende do representante para a constituição da sua própria identidade“ (Laclau, 2007: 158) (”¡Chávez ya no soy yo! ¡Chávez es un pueblo! Chávez somos millones, tú también eres Chávez.”). As limitações de reduzir o conceito de “povo” a uma mera contingência podem ser vistas em três pontos-chave. Primeiro, ao centrar-se na luta contra o poder estabelecido por um poder constituinte indeterminado definido pelo seu líder, o populismo de esquerda baseia-se na polarização política para criar “o povo”. Em segundo lugar, moraliza a política, conferindo ao povo um estatuto moral e epistemológico de inerentemente bom, justo, oprimido e vitimizado, como se as suas reivindicações e identidades representassem a verdade e a ética. Em terceiro lugar, a sua ênfase no activismo baseado na identidade eleva a raça, o género e o sexo a atributos políticos essenciais, distanciando o populismo de esquerda do liberalismo e marginalizando os opositores que não se enquadram na sua definição restrita de pluralismo democrático. Esta sessão irá dar contorno à teoria subjacente ao populismo de esquerda e expor os seus fundamentos antidemocráticos. Em última análise, esta concepção populista do “povo” não só impede a hipótese de representação, como também enfraquece a capacidade da democracia liberal para defender os próprios direitos e liberdades que o populismo afirma defender. Nesta sessão, o populismo de esquerda é retratado como uma estratégia que não procura a igualdade, mas antes o poder.

Evento

Data
Outubro 31, 2024
Hora:
15:00 - 17:00
Categorias de Evento:
, ,
Site:
https://videoconf-colibri.zoom.us/j/96358449437

Local

CEPS Room (ELACH) + Online
Rua da Universidade
Braga, Portugal

Organizador

CEPS
Email
ceps@elach.uminho.pt